quinta-feira, 12 de maio de 2011

Fazendo o Pino

Hoje publiquei no facebook:

Quem me quiser adicionar: tania mac - expliquem quem são por favor :)

Viver com IRC muda-nos. É óbvio q muda! Como seria possível virar a nossa vida de cabeça para o ar e não mudar? Aprendemos a viver com uma realidade que coloca em causa tudo o que somos e tudo o que pensávamos saber sobre nós e sobre esta realidade a que chamamos vida.

O próprio acto de viver muda. Deixamos de viver com sonhos futuros em mente. Passamos a viver por metas. Mais uma diálise, mais um dia, mais um bom tempo passado com que amamos e nos ama de volta, mais um momento bom ou mau, mas mais um.

É e não é uma sentença de morte. Há quem tema a palavra morte, mas neste contexto pensem nela como algo que nos prende ao definitivo e ao impossível de controlar. Nenhum de nós controla o desenrolar da sua vida, mas um IRCádo (palavra inventada por mim sff) vive mais de perto com esse descontrolar de vida. Deixamos de controlar quem somos e isso para mim é o mais problemático.

Tudo muda, nós mudamos, o nosso corpo muda, o nosso cabelo muda, a nossa pele muda, os nossos dentes mudam, as nossas unhas mudam, os nossos órgãos mudam, as pessoas á nossa volta mudam, a nossa rotina muda, os nossos sonhos mudam, a vida muda, tudo muda.

Eu não gosto de mudança, por isso talvez fixe tanto neste aspecto. Sempre me disseram e eu sei racionalmente que nem toda a mudança é má e muitas vezes é para melhor. Mas o meu eu mais intimo não lida bem com essas mudanças, e muito menos com as que não controlo.

Mas tudo muda e como o IRC é algo para a vida. A minha virou de cabeça para baixo. Mas sabem o que é mais engraçado, em certos aspectos, vejo agora melhor certos aspectos e coisas na minha vida. De cabeça para baixo, descobri que afinal, em certas coisas, quem andava a fazer o pino.. era eu.

PS: Não se preocupem comigo :) ás vezes apetece-me escrever e desta vez escolhi o facebook ao invés do meu blog.

PS1: Para quem não sabe, IRC significa: insuficiente renal cronico :) that's me and a lot of people in this world :) - sou eu e muita mais gente neste mundo.

domingo, 8 de maio de 2011

Saimos (ele saiu) no publico :) nem vos digo como ele está :))

Tânia diz que António nunca lhe perguntou se ela queria o rim. "Ele é assim, mula"

07.05.2011 - 19:10 Por Catarina Gomes



Veio a psicóloga e perguntou a António Gonçalves se estava consciente dos riscos que ia correr. Se sabia que podia ficar na mesa de operações. Depois veio o médico, que juntou um cenário mais concreto: e se um dia for atropelado e perder o único rim com que vai ficar? E depois ainda vieram mais três médicas que o tentaram apanhar "em contradição", para se certificarem que queria doar o rim "de livre vontade". Anda há cerca de um ano a dizer que sim, que quer abdicar do seu rim para a mulher, que "ela não aguenta mais os tratamentos de hemodiálise".
António Gonçalves sente-se "supersaudável" e vai doar o rim à mulher

António Gonçalves sente-se "supersaudável" e vai doar o rim à mulher (Foto: Pedro Cunha)

Em 40 por cento dos transplantes de rins em que há dador vivo (a maioria continua a fazer-se com órgãos de cadáveres) não existe relação de consanguinidade com o receptor, a proporção mais alta desde que a prática deixou de ser ilegal. No ano passado, a quase totalidade das dádivas foram entre maridos e mulheres, mas também houve uma dádiva entre cunhados.

Companheira de António há oito anos, Tânia Machado diz que "é mais difícil aceitar do que doar". Por isso, desde o início disse ao companheiro, que é pasteleiro e tem 37 anos, que não o quer, que "o rim podia vir a fazer-lhe falta". "Ele nunca tinha feito análises e, por causa de mim, já foi todo picado. Nunca me perguntou se eu queria o rim. Ele é assim, mula", brinca a operadora de call center de 27 anos. Estão à espera de ser chamados para o transplante.

Até 2007, este tipo de dádivas eram proibidas em Portugal - apenas eram permitidas quando existia relação de parentesco até ao terceiro grau. A ideia era evitar o tráfico de órgãos, mas constatava-se que a interdição era, em muitos casos, um entrave ao transplante. Desde que a lei mudou, o número de transplantes de dadores vivos - a maioria são de rins mas também é possível doar partes do fígado - tem aumentado. A excepção foi o ano passado, em que houve um ligeiro decréscimo, mas enquanto em 2008 os dadores não consanguíneos representavam 29 por cento do total, no ano passado atingiram uma proporção recorde: dos 51 transplantes, 21 são deste tipo (41 por cento).

Constata-se que a lei abriu a porta sobretudo à dádiva entre maridos ou mulheres: dos 21 transplantes entre pares não consanguíneos realizados no ano passado, 20 envolveram pessoas com relações de conjugalidade; em 2009, dos 65 transplantes, 19 foram entre cônjuges (nove de marido para mulher, o mesmo número de esposa para marido e um em união de facto); e em 2008, o primeiro ano em que a lei foi aplicada, apenas sete dos 54 transplantes eram não consanguíneos, todos entre cônjuges (cerca de 13 por cento).

Ana não quis o rim do filho

Ana Cristina Pereira, professora de 43 anos, teve que esperar pela entrada em vigor da lei mas foi a primeira a ser transplantada com um rim do marido, ao abrigo da nova lei. Foi há dois anos e hoje tem uma vida normal. Poder ser o marido a dar-lhe o rim significou que pôde dizer que não à oferta do filho, que mal fez 18 anos insistia que queria dar o rim à mãe. "O meu filho não se calava." Ela, porém, nunca quis - só pensava que ele agora era jovem, mas que, "com 40 anos, mesmo uma pessoa normal começa a perder a função renal e com a esperança de vida a aumentar".

Em 2009, nas doações em que existem relações de sangue, sete filhos doaram os rins aos pais e 12 pais fizeram o mesmo aos filhos. Mas a maioria dos transplantes foram entre irmãos (26 do total de 65 transplantes) e houve mesmo um avô que doou a um neto. No ano anterior tinham sido cinco filhos a doar aos pais, 19 transplantes de pais para filhos, o mesmo número entre irmãos.

"A diálise não é vida"

Desde que Tânia descobriu, aos 25 anos, que sofre de insuficiência renal crónica, só sobrevive fazendo hemodiálise três vezes por semana, quatro horas por dia. "A diálise não é vida para ninguém", diz António, acrescentando que ele é "supersaudável". Dos dez mil portugueses que têm que fazer hemodiálise, cerca de 20 por cento estão em lista de espera para transplante - eram 2111 em 2009. Nos doentes que iniciaram tratamento por hemodiálise no ano passado, as principais causas da insuficiência renal eram a diabetes e a hipertensão arterial.

Para António, doar um rim a Tânia significa que ela não tem que ficar em lista de espera de transplante de um dador morto, embora esta fosse a melhor solução para os dois - sempre se guardava o rim de António Gonçalves para mais tarde, diz ela. O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, Fernando Macário, explica que os rins transplantados não duram para sempre, mas quando o dador é vivo sobrevivem mais tempo, um período de sobrevida que pode andar pelos 15 anos. Muitos transplantados têm que voltar à diálise, ou então são candidatos a novo transplante.Dos 573 transplantes renais realizados em 2010, 51 correspondem a órgãos obtidos de dadores vivos, o que representou uma subida de 8,9 por cento face ao ano anterior. Fernando Nolasco, presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, explica que quando os doentes não recorrem a dador vivo é porque não têm familiares que se voluntariam, por falta de informação ou por incompatibilidade. Mas diz que "o caminho é aumentar os dadores vivos". "Nos países nórdicos, os dadores vivos chegam a ser metade, é mais aceite, está mais divulgado." "[Quanto a quem doa], temos que ter a certeza que não vamos fazer mal ao dador." Mas, embora seja raro, a pessoa que fica só com um rim pode ter um dia de fazer diálise ao fim de 20, 30 ou 40 anos. "A percentagem é mínima, cerca de 0,1 por cento."


Sim, ele é um teimoso, uma mula mesmo :) a minha mulinha :) mas n era para dizer :p
Infelizmente n conseguimos achar uma copia do jornal do dia de ontem, aonde em principio estaria a reportagem que encontramos no site do publico ( http://www.publico.pt/Sociedade/tania-diz-que-antonio-nunca-lhe-perguntou-se-ela-queria-o-rim-ele-e-assim-mula_1493165?all=1 ) . Acabamos por comprar 3 jornais do publico hoje e nem nos demos conta que a reportagem não vinha no jornal de hj. :x
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