sexta-feira, 21 de maio de 2010

Apagada...

Nem sei bem o que quero escrever ou se o quero fazer..

Acho que vou deixar os dedos fazerem o que lhes apetecer. Todo o resto do meu corpo faz o que quer sem que eu possa controlar..

Sinto-me cansada. Cansadsa de sentir dores constantes. Cansada de não conseguir reunir energia ou forças para fazer o que quero e me apetecia.

Na quinta, apos a hemodiálise, tive mais uma quebra de tensão. E logo eu que sempre tive a tensão alta, tenho agora demasiado baixa. Começo a deixar de ver, ouvir e fico ensopada num suor gelado. Pés para cima, cabeça para baixo. Espera… tenta ver se já melhorou, volta a mesma posição, espera… tenta, já esta.

Esta quinta foi diferente. Fui ate ao balneário calçar-me e voltei a sentir a tensão a baixar, então sentei-me numa cadeira e esperei que acalmasse. Quando me dei conta, num instante que me pareceu, estava deitada no chão, com alguém a dobrar-me as pernas para cima e um dos enfermeiros do centro a perguntar-me se o estava a ver. E eu a pensar que estava louca, a alucinar com os enfermeiros, ate que me dei conta que era real, não um sonho, mas real. Voltei para a sala de cadeira de rodas, sumos super açucarado para dentro da goela e mais tempo ate a tensão estar mais alta e estável.

Não vos sei explicar a sensação de não saber o que aconteceu. Como vim parar ao chão? Cai? Desmaiei? O enfermeiro diz que me encontrou por sorte no balneário. Mas estaria apagada na cadeira? E o mais esquisito é a sensação de perda de tempo ou controlo. Para mim foi um segundo, mas sei la quantos minutos foram ou não.

Cheguei a casa e chorei. Chorei de raiva, de magoa, de dor, de frustração.

Olho em volta e vejo toda a gente a viver a vida. E eu sinto que morro na minha e que por culpa arrasto o António para o meu sofrimento. Não sei mais o que fazer. Não consigo mais fingir que estou a lidar com isto numa boa, porque não estou. Estou nas ultimas e qualquer sorriso que faça não passa mais de uma mascara. Velha e gasta.



Esta tanto calor…

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Antonio fez anos dia 5 de Maio...

Não me apetece escrever, não me apetece quase nada. Todos os actos da minha vida neste momento teem que ser calculados e bem pensados. Eu não posso espirrar sem pensar se me é permitido fazer e quais as consequências depois.

Todos os momentos são um sofrimento. Todos os líquidos que bebo são uma sentença. O que as pessoas não compreendem e eu ainda tento entender é que um doente renal crónico aumenta de peso num instante por tudo e por nada. Todos os alimentos e líquidos que bebo, tudo fica e pesa mais. Por isso é que em cada sessão de tratamento nos tiram sempre o peso e isso dá cabo de uma pessoa naquela máquina. A última hora é o inferno.

Alguma vez tiveram uma quebra de tensão? Não queiram. É horrível. Deixam de ver, começa a ficar tudo brilhante e desfocado. Ficam gelados e suados de frio, parece que tomaram banho de água gelada. Deixam de ter forças sequer para falar, e se estiverem em pé, preparem-se para cair. Eu pessoalmente ate deixo de ouvir, primeiro de um ouvido, depois do outro e fico pálida. Tratamento? Colocar os pés para cima e a cabeça para baixo? Quanto tempo? Nunca se sabe. Quantas vezes? As necessárias. Sim, porque ao voltar a endireitar, podem voltar a ocorrer todas as sensações. Eu que sempre fui muito hipertensão, saio às vezes de lá com tensões de 10/8 – é baixo, acreditem.

Tou cansada. Cansada de me preocupar. Cansada de pensar em morte. Nunca pensei nisso antes. Não porque não me interessasse, mas porque tenho 26 anos e ninguém pensa nisso aos 26. Nem aos 30 ou até aos 40. Mas a morte é agora algo que esta sempre escondida na minha mente. A minha e a de quem amo. Acho que a minha eu consigo suportar. Não tenho medo de ir, tenho pena de deixar de cá estar. Mas a de quem amo é insuportável. Não seria capaz de conseguir lidar ou aguentar. Seria o último empurrão para derrubar-me por completo. Não quero nem imaginar, não vá atrair algo mau.

Por isso decidi que não quero o rim do António. Ele insiste e eu tou-me a cagar para o que ele insiste. Não quero. Terça que vem vamos a Lx fazer os testes de compatibilidade, mas não quero saber do resultado e espero que não sejamos compatíveis. OUVISTE MUNDO? Não quero o rim dele. Nem com ouro. Amo-o demasiado para isso…

Só quem esta no meu lugar é que pode opinar ou julgar.. ou saber como é.

Já pedi para que esta baixa seja a última. Quero recomeçar a trabalhar em Junho. 1 mês antes do meu 27º aniversário.

Engraçado… sempre disse quando era mais nova que nunca iria passar dos 30 J
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...