Para quem tiver ido ler o relato dela, posso adiantar que somos gémeas no q descreveu sobre a construção e superficialização da sua veia. Já agora, deixem-me que vos diga que gostei bastante da forma como descreveu para os leigos nestes assuntos de nefrologia ou dialise a forma, funcionamento e descriçao de um acesso. Eu pessoalmente costumo apenas dizer que é uma junçao de veia e arteria para criar uma super veia q aguente o fluxo de sangue na maquina de dialise, e q o vibrar é o sangue a passar. Ah, e depois meto a mão da vitima a tocar no local da construção da fistula que é onde se sente em maioria o vermito ou vibrar e fico a observar a cara de panico hihihihihihi e quando perguntam o que é, digo que é UM BIXOOOOO!! hihihih
Bem, mas eu fiz a minha fistula já tinha o cateter há mais de 1 ano, bem me diziam que devia de fazer rapidamente, pelos riscos de ter um cateter central (foco de infecçoes, gestao de higiene pessoal, maior liberdade etc e tal) mas eu , pensando e estando em processo de doaçao dador vivo com o Antonio, pensava sempre que seria rapido e nao valeria a pena passar pela tortura de fazer uma fistula, cicatrizes operaçoes e tal...
Acabei por acordar pra a realidade e fiz a fistula. Todas as minhas operaçoes relativas a minha doença renal foram sempre no Hospital Santa Cruz e só posso da louvores de excelencia a todas as equipas sempre! Pois fiz a fistula, e tendo eu um cateter funcional e bem tratado (banhinhos á gato e extra cuidados sempre) pude esperar 3 meses para ser picada, deixando-a desenvolver bem.
Logo na primeira dialise que foi feita com uma unica agulha e o fluxo da maquina a 150 (quando o normal pode ir de 350 para cima, dependendo do que o sistem e constituiçao de cada um aguenta claro) e meu deus... hematoma subcutaneo e deixem-me que vos diga, já senti muita dor e nao sou piegas, aguento bem com dentes cerrados e punho fechado mas só de lembrar a dor... fiquei com um hematoma gigantesco na dobra superior do braço q demorou nem sei quantos meses a baixar...
Depois para se perceber como raio estava isto cá por dentro, fiz uma fistografia (basicamente é como se fosse um raio-x a constituição das veias e artérias do braço e da fístula, onde normalmente somos picados é injectado um corante que ajuda a mostrar como funciona o fluxo do sangue no nosso sistema durante a diálise, no meu caso devido ao resto do hematoma que ainda existia, nem deu para fazer como deve de ser o exame) e q mostrou veias fundas, q se desviavam e passavam por sitios q nem lembra ao diabo... imaginem vocês q até por debaixo do meu cotovelo!!! Dai ter tantas dores na ultima hora da dialise... e chegar a ficar com o braço dormente, em parte porque a minha neurose de ter as agulhas gigantescas picadas, eu nem mexia o braço mas pronto...
Decidiu-se entao que devido a ter as veias tão profunas, ter-se-ia de fazer uma superficializaçao da veia q pelo q li do relato da Sónia, nao foi tão complicada como a dela, mas que tal como ela disse lembro-me bem dos comentários e do cheiro a porco queimado (a anestesia é local) e de q mesmo com anestesia local, tu sentes o puxar e repuxar deles a fazer nao sei o quê e honestamente, n quero nem saber... aqui a ignorance é mesmo bliss.
E 4 meses depois, lá ficou tudo a funcionar e ainda durou 1 ano e meio até o rim surgir e aqui esta ainda hoje, sendo que não me incomoda tanto, já me habituei, e só será desligada se for desenvolvendo muito por si mesma com o tempo e causar algum risco ou problema cardiovascular, porque mesmo sem uso constnte, nao deixa de ser uma superveia.
Tive a sorte de nunca ter ficado com batatões gigantescos como muitas que se costumam ver, tem umas batatinhas assim tipo noisettes talvez porque sempre foi picada com duas agulhas para cima e não cruzadas, devido a ficar tão proxima da dobra do braços, e porque teve apenas 1 ano, 1 ano e meio mais ou menos de trabalho. Uma pessoa que tenha um acesso durante muitos anos desenvolve cada vez mais os locais das picadas e dai os altos. Não se esqueçam que somos picados com umas senhoras donas agulhas, dia sim dia não.
No inicio chegou a existir uma altura em que as cicatrizes me incomodavam, mais pelo efeito de saber que a minha carne tinha sido cortada e cozida e tal do que o efeito visual. Quem me conhece sabe que não sou cá paneleirota com as situações estéticas. Podia estar morta, por isso se formos a ver, ter cicatrizes é sinal de vida, vivi, sobrevivi e estou aqui. Caguei pó estético. Uso-as como diriam os ingleses "badges of honour".
Fiz diálise 3 anos e meio, do dia 12 de Março até dia 12 de Setembro, 70% desse tempo por um cateter central que ainda que muito incomodo visualmente e para dormir, usar roupa, tomar banho e até em algumas alturas quando era limpo e desinfectado antes de me ligarem á maquina, um pouco doloroso... mas nunca tive infecções ou o que seja, sempre tive extra cuidados e sempre se manteve até ao dia em que foi tirado e essa historia fica para outra altura porque isso sim foi um verdadeiro pesadelo. Acho até que algures no blog já contei isso... procurem nos arquivos ;)
E pronto, deixo aqui duas fotos, ambas tiradas agora, uma é a do meu braço como ficou, o corte de onde foi criada a fistula logo a seguir ao cotovelo na parte inferior do braço e os dois cortes acima onde foram feitas as superificializaçoes da veia para que ela funcionasse bem. As picadas são aqueles dois altos que se veem no meio que não são muito grandes como podem ver.
E a outra foto é a da marca que me sobrou do cateter quando foi removido.
Um dia quem sabe, deixo aqui a cicatriz da transplantação do rim.... mas não faço cá promessas que essa ainda que, pelo que vi, esteja até bem bonita para a cicatriz que é, é numa zona "complicada" de andar a tirar fotos :p
AH, sem me esquecer de referir que isto é um acesso, uma fístula. Mas também se pode fazer diálise através de uma prótese, aonde ai é inserido um tubo no braço e as veias são ai inseridas, sendo posteriormente picado o tubo. Normalmente esse tipo de acesso é apenas feito quando a possibilidade da fístula não é viável, e pelo que vi e disseram-me quem tem próteses, os altos não acontecem tanto porque a veia dentro do tubo não desenvolve, e não é tão doloroso a picar porque o tubo é que é picado directamente e não a veia como acontece com a fístula.
Mas sobre isso não vou nem devo falar muito porque nunca tive um, logo, não tenho experiência em primeira mão, apenas daquilo que vi nos outros colegas de turno. Mas tenham cateter, fístula, prótese ou qualquer outro acesso, tirem lá as minhocas da cabeça... é doloroso sim! é cansativo sim! mas a alternativa é estarem mortos. Preferiam? Então vá :) força, sempre!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigada :)