terça-feira, 11 de novembro de 2014

Desabafos de uma tripulante sem rumo

Adoro receber aqueles emails de fulana xis ou ypslon a dizer que a minha vida vai mudar em breve ou para ter isto contactar ali ou ainda que sabe ou tem noticias vitais e eu devia de correr a ligar e tal..
A minha vida. Que giro. Há quem saiba o rumo ou algo para mudar positivamente o rumo da minha vida.

  
Parece uma piada. Sem piada nenhuma diga-se de passagem. A minha vida. 

Durante anos não me importei com o futuro, pronta a fazer tudo para o construir com um presente constante e estável. Certa de que os traumas do meu passado não me mudariam ou definiriam os traços do meu carácter ou escolhas. Feito isso, a vida vem e pimba! Novo rumo.

Um futuro roubado, um presente momento a momento vivido sob riscos e incertezas, dia a dia, devagar para que o rumo frágil seguisse de alguma forma, até encontrar um abrigo semi-estável para a tempestade que era a minha vida. E txanammm!!! Mudança feliz que afasta por algum tempo as nuvens que haviam ofuscado o meu destino ou futuro. Oh happy days!

E ao mesmo tempo, como final joke na minha calma precária, veio uma pancada e lá se foram os happy days, de tão rápido que foi pareceu felicidade de horas do que dias ou meses.
E aqui estou. A tentar equilibrar-me sobre incertezas e medos. Sonhos difusos e preocupações.
Preocupo-me com o agora e com o amanha.

Preocupo-me porque no meio de todas estas pancadas, sempre mantive a habilidade de funcionar socialmente e economicamente. Sempre tive o orgulho e certeza de que mesmo sem forças ou saúde, vontade ou alegria, fui sempre profissional e certa. E isso deu-me sempre a certeza de que financeira e socialmente fui sempre autónoma e estável. Pouco mas estável. E agora até isso a vida me tirou. E por ter sido sempre uma constante que dependia de mim e por ser cada vez mais grave e urgente a situação económica neste pais (e em mim), eu sinto-me a entrar numa espiral de incerteza, duvida, medo e pânico.

Fazem 6 meses disto. 6 Meses de currículos enviados, poucas entrevistas, nenhuma resposta. Nada.
E aos 6 meses eles retiram mais uma fatia para um fundo qualquer que lhes apetece chamar A ou B mas é apnas mais uma forma de dizerem “fazem e tens que comer e calar!”

E no meio do pouco que era, fica ainda menos. E a frustração de saber que há quem passe nas frestas e leve mais. E saber o que descontei e que tudo fiz pela legalidade e na altura H, sou gozada. Sabem que ainda hoje as minhas contas da SS não batem certos no valor do SD em comparação com a dos meus colegas de horário igual? Primeiro diziam que era por causa dos dias e descontos feitos nos meses que estive de baixa a seguir ao transplante e colocaram-me durante 2 meses a andar de um lado para o outro a pedir a minha ex-entidade patronal que colocasse xis dias neste mês e xis naquele e bla bla bla.. E mesmo assim os valores continuaram abaixo, e os ditos “acertos que serão feitos automaticamente” nunca foram feitos. E eu esperneie e esbracejei mas de nada valeu. De nada vale neste pais sem rumo, parecido comigo.

E cá estou. Uns dias sem vontade nenhuma, outros com pouca. 


E continuo a receber os emails de fulana A ou B a dizer que sabe algo para mudar drasticamente o rumo da minha vida.

Se calhar devia de lhes responder… mas acho que prefiro apaga-los. Se eu não sei o rumo dela, não hão-de ser elas a saber.

Não liguem para o desabafo. Hoje.. agora.. ultimamente… tem sido uns dias difíceis de digerir. E saber que nao fazemos a nossa e com isso sobrecarregamos outrens, então ainda custa mais...


1 comentário:

  1. Vamos vivendo conforme podemos, todas as vidas são belas e a sua também o é! Coragem.

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Obrigada :)

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