domingo, 29 de março de 2015

22ª Consulta: Resultados positivos num momento dificil

E mais uma consulta.

Desta refiro-me á que tive na passada quarta-feira dia 25/3 (mudaram entretanto do dia 26 para dia 25) e o facto de só hoje estar a escrever o que normalmente coloco no mesmo dia ou dia seguinte… diz muito sobre com que fios teço a minha vida actualmente. Não que este atraso ou lentidão esteja relacionado com a dita consulta pois não o é. Com o rim está tudo óptimo. É um sobrevivente e guerreiro que sobre os níveis de stress e nervos que são a minha vida actualmente… consegue sobreviver e prosperar.
   
   
Devia de estar eufórica e louca de alegria pois pela primeira vez há já não sei quantos anos, a minha creatinina esta abaixo de 1.0! está a 0.93 e isso faz transbordar o meu coração de alegria por saber que por pior que esteja a minha vida e cabeça neste momento, que mesmo estando com a tensão mais alta por permanentes níveis de stress e cansaço, irritação e nervos… e ainda que me esqueça de beber a agua que devia e coma porcarias que não preciso, não devia e não me fazem nada de bem… APESAR DISTO TUDO.. este rim é pai e mãe para mim e mantêm-se firme sobre fogo e ferro!



Alivia-me a alma massacrada saber que ao menos isto, especialmente isto, segue o rumo que desejo. O positivo. 

Eu não vivo na ilusão da felicidade plena, constante e eterna. Conheço e sei os momentos negros e núbios que a vida nos trás, mas procuro sempre o positivo, o vislumbre da brisa que suaviza o mais escuro, o mais desamparado dos momentos. E nos últimos meses, desde que fiz uma escolha profissional a qual arrependo-me de tal forma desesperada que já chorei, gritei, amaldiçoei e sei lá mais o quê… temia pelas repercussões no meu rim pois na minha sanidade mental tenho total conhecimento dos danos.

Arrependo-me… oh!! como me arrependo. E esforço-me por procurar um caminho positivo e quero desde já agradecer a todos os que tão carinhosamente e prontamente se colocaram disponíveis para me tentar ajudar. Espero em breve conseguir regressar a alguma normalidade minha. Encontrar o meu equilíbrio e conseguir respirar sem este peso na alma mente e corpo. Espero mesmo. Mesmo!

Mas quero falar-vos da consulta. 

Correu bem, muito bem. Com as analises tudo bem. Era para ter ido fazer aquela resma de ecografias renais e torácicas etc no passado dia 17 mas foram adiadas e remarcadas para dia 29 de Maio e acrescentada um ecocardiograma para o mesmo dia que pedi para coincidir com a próxima consulta. Inclusive recebi os resultados da tomografia óssea que fiz há 1 mês no Egas Moniz (em acompanhamento com o estudo sobre os efeitos da ingestão de vitamina D – em forma de gotas, medicamento Vigantol – diariamente por um transplantado renal feminino (e masculino? Admito que desconheço se foram escolhidos homens para este estudo). Os resultados são óptimos, ditos pela Dra. “tens uns ossos óptimos!”. Excelente! Rim óptimo! Ossos óptimos apesar de ter tido sempre valores muito altos de fósforo durante a diálise!



   
Então porque comecei a consulta com a enfermeira ás 9h muito tímida, envergonhada e nervosas.. a tentar contar o que é a minha vida actualmente e como anda a minha mente… a tentar não chorar enquanto o faço e menciono ter vergonha de pedir um calmante a Dra. ? Para mim é uma vergonha. Não me entendam mal. Não me refiro a mais ninguém alem de mim. A única vez que tomei foi quando a dosagem de cortisona estava tão alta que precisei desse apoio para contrabalançar-me. E fui a primeira a fazer sozinha um auto-desmame assim que a cortisona baixou e sob receio de qualquer propriedade aditiva. E agora venho pedir? E tudo porque vivo o pior momento profissional e emocional da minha vida? Por passar o dia sob constante terror e pressão psicológica? Por sentir que já não aguento mais e que vou quebrar?...


Sinto que depois de tudo o que já vivi e sobrevivi antes e após esta doença… sinto que devia de conseguir digerir isto e não consigo. Não consigo mesmo. Sinto-me fragmentada. Sinto-me esmagada. Sugada e atrofiada. Sinto que todos os dias sou espezinhada um pouco mais e esta constante diária esta a dar cabo de mim. Não sou a única e vejo nas pessoas que navegam o mesmo universo que eu o mesmo sofrimento constante e atrofiante. E merecemos melhor.

Mas divago novamente… desculpem. Custa-me esquecer e focar…

Consulta boa, resultados bons. Medicação imunossupressão manteve-se : 5.5mg Tacrolimus, 500mg Myfenax 2x ao dia, 5mg Cortisona e o meio antibiótico a seguir ao jantar + 6 gotas de Vigantol ao pequeno almoço ou lanche. A isto acrescentei o que espero pode ser o mais provisório possível 0.25mg de Alprazolam (comprei o Unilan que era o mais barato) 2 x ao dia, especialmente nos dias em que não consigo dormir bem ou sinto que estou a rebentar. É a dosagem mais baixa que é o que quero e dá-me o efeito semi tranquilizador que me permite suportar um pouco mais controladamente o dia-a-dia.

E pronto, aqui estou. 
Com um misto de sensação de humildade-vergonha-tristeza-esperança-resistência. 
Não entendam que estou vencida. 

   
   
Isso nunca! Sinto-me cansada. Sinto-me como nunca me senti, mas tal como nunca desisti, não será agora que o vou fazer. Na minha vida muita gente, muitos momentos, muita coisa me aconteceu com o intuito de me deitar abaixo e desfazer, mas as mossas e cicatrizes que tenho mostram que podem-me partir mas não me vão quebrar. Eu pego no impulso da queda e uso para subir de novo. E assim espero conseguir vir a fazê-lo. Espero sinceramente.


E não quero que ninguém fique preocupado ou a pensar que estou pessimista/deprimida ou o que seja. 


Sei que não é esta a Tania mau feitio que conhecem, mas na vida existem destes momentos e temos que os saber sobreviver para poder ganhar a sabedoria das lições e sair do outro lado. Não estou deprimida. Achei inclusive piada quando a enfermeira disse a Dra (quando ela me perguntou se precisava só do calmante ou de um antidepressivo) que eu “devia era de precisar de um antidepressivo porque aquela Tania calada e triste que ali vira o dia todo não era normal”. O que disse a Dra repito : nunca em altura da minha vida decidi desistir! Já passei por muito e se fosse para desistir tinha-o feito há muito tempo atrás. Escolhi que por pior que me façam, sairei sempre do outro lado e contra tudo e todos, serei sempre fiel a mim e a quem mo merecer.


E mantenho aquilo que acredito, sinto e penso. 


Pronto, vou dormir e voltaremos a falar disto quando as galinhas tiverem dentes, eu perder os 2kg que ganhei desde que ali trabalho (Dezembro) ou talvez na próxima consulta dia 29 de Maio… o que acontecer primeiro. Combinado? ;)

5 comentários:

  1. Que bom que correu tudo bem :D
    Sempre algo de positivo acontece mesmo que demore ;)

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  2. Vai tudo correr pelo melhor, há q ter esperança no futuro, mta força :-*

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  3. Ainda ontem disse a uma amiga: "Se a vida te dá limões, faz limonada!"
    Tira o sumo que conseguires, adoça e torna aquilo que era intragável/azedo, numa refrescante bebida (lufada de ar fresco)! É fácil dizer, mas é altruista fazer! Beijinhos

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  4. Que bom que tudo está a correr bem, li tudo com muita atenção, não só lamento, como sei um pouco o que é andar pelos hospitais e que isso nos faz ao estado emocional, embora não sofra dos rins, sofro desde pequena de problemas cardíacos e em Janeiro de 2013, sei o que passei durante anos e o que continuo a passar, pois não me sinto bem, algo falou na minha operação, com o agravante stress de pouco antes do meu estado se ter deteriorado por completo, fiquei desempregada por falência da firma. Bom... mas não estou aqui para acrescentar depressão, bem pelo contrário, estou aqui para demonstrar solidariedade, e para dizer que os nossos estados de alma influenciam muito o nosso estado de saúde, por isso mesmo, cabeça erguida, muita força, coragem e como o seu estado de saúde melhorou não existe motivo para pessimismo, o trabalho é importante, mas não nos pode deitar abaixo, por isso tudo de bom, muito animo e pense que o resto é resto, só a sua saúde e felicidade é que contam, beijinhos <3

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  5. A vida é um dom maravilhoso, temos de aceitá-la com o que temos, o meu filho foi duas vezes operado ao coração, também sei o que é andar em hospitais. é preciso coragem e cada dia é um dia que vale a pena ser vivido.

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Obrigada :)

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