Sei que não tenho dado noticias. Estou, sinto que estou sem que mo digam, em falta com muita gente que (não devendo mas podendo) poderia estar a cobrar-me esta “divida” e (não o fazendo) fazem-me sentir abençoada por ter pessoas perto de mim que compreendem que o meu silencio nem sempre é desprezo ou zanga. Ás vezes precisamos de nos calar para nos fazer ouvir e mais do que isso, ouvirmo-nos a nós mesmos.
E é isso o que tenho feito.
Resumo muito rápido do porque do meu silencio.
Casei-me este mês passado. Sim. Sem aviso. Sem alerta. Sem convites e sem festa (em grande parte porque o euromilhões não me saiu e nunca pedi nem recebi ajuda de ninguém nesta vida por isso o cash flow não permitia uma festarola como um dia permitirá… esperemos.) Sim. Casei e está feito.
Para quem não me conhece ainda e fica assim meio chocado, deixo a resposta que as pessoas que já me conhece deram “Já se estava mesmo a ver que só tu para fazeres algo assim!”
Pois é. Sou conhecida por fazer o que quero, como quero, como posso, quando posso e com quem posso e quero. Vantagens de viver a minha vida sem pedir aos outros que a governem por mim. A parte má? Vivo o mau, o feio e o difícil sempre e quando existe. O bom? Posso tomar as decisões todas e justificar-me perante zero pessoas.
Sim. Sei o que estão a pensar. Sou orgulhosa, teimosa, obstinada, tenho mau feitio e todos esses elogios que não são novidade para mim mas sim parte vital daquele meu lado que me prepara e protege contra tudo o que esta vida já me atirou e vai atirando. Cada um desenvolve as suas próprias defesas e armas de gestão interna. Eu tenho estas. São alguns dos meus vastos defeitos. Já os aceitei. Podiam ser piores. Conheço pessoas muito piores e com menor taxa de honra, sinceridade ou frontalidade em relação ao que são do que eu. Por isso podem-me apelidar que não me irei sentir ofendida por constatarem o que eu já sei. Peço é que, não julguem que é por conhecerem este meu lado mais agressivo que me conhecem no total porque um livro tem sempre mais do que uma pagina…
Adiante.
Casei-me. Sim. Levo isto de ânimo tão ligeiro quanto é a forma como o escrevo ou digo. Tal como poderia ter dito “ontem jantei” digo “dia 25 de Setembro casei-me”. Demorou 20 minutos e nem foi preciso assinar um papel. Acho até que demorei mais tempo a renovar o cartão de cidadão em Maio do que em casar. Oficializamos uma relação, uma vida completa e unida, um entendimento emocional, mental, fisico, racional, louco e vivo há já 12 anos. Por isso foi mesmo um oficializar. Porque não mudou nada. Continuamos os mesmos dois cromos tolos e teimosos, doces e brutos, meigos e ariscos que sempre fomos. Não nos amamos mais ou menos. Continuamos o caminho que decidimos e continuaremos a decidir em conjunto tal como já o fazíamos e faremos. Em frente, sozinhos e juntos.
Ao casar-me não fiquei sem vontade de comunicar. Foi sim a reacção de certas pessoas que me fizeram cortar o pio ao registo diário e constante de informação e controle sobre a minha vida e pessoa. Sabem quando certos momentos da vossa vida ou atitudes vossas fazem sobressair o que as outras pessoas pensam e sentem realmente em relação a vocês? Pois eu já vivi isso quando fiquei doente e me vi deparada com uma vida ligada a uma maquina de diálise.. e agora vivi isso novamente. Doeu mas foi bom! É assim que vamos limando e aprofundando o que de real existe e permanece connosco e o que é apenas bagagem provisória e nociva.
Dai o meu silêncio. Estava calada porque fiquei magoada e vazia de conteúdo ao mesmo tempo que silenciava o fluxo de noticias sobre mim.
Mas agora chega! Chega porque há muito que vos quero mostrar e falar e chega!
E agora que já vos contei o motivo do meu silencio… siga! : )