Todos sabemos que o nosso pais esta no caixote.
A palavra retirar, cortar, remover, acabar, fechar, cessar é o prato do dia da hora do minuto do segundo… E infelizmente, na saúde é onde mais se nota, pelo menos nota quem cá tem que andar e conviver diariamente. Quem se constipa 1vez de tempos em tempos acredito que nem note tanto… adiante.
Enquanto doente em diálise, tinha certos direitos, alguns adquiridos através de uma declaração de incapacidade ou multiusos, pedida no meu centro de saúde ao delegado de saúde do meu conselho, acho q estou a dizer bem ;) paguei na altura 1euro. Hoje ou no fim do ano passado, quem quisesse pedir já tinha que (tal como eu fiz na altura) ir perante a junta medica do delegado de saúde com os documentos comprovadores do seu estado clínico e pagar… 50 euritos… bonito né… por um papel que dependendo do grau da incapacidade atribuída, poderá ter benefícios fiscais (nunca notei, talvez por ganhar as fortunas que imaginam…), e direito ao selo do carro e pouco mais.
Mas divago.
Enquanto em diálise, tinha direito de inicio a táxi ou ambulância para a clínica de diálise e para o hospital se a situação se relacionasse com o meu acesso ou situação renal. Depois o reembolso do táxi foi removido, ficou a ambulância. Que, aleluia, por enquanto se mantém para quem faz diálise.
Comecei o meu processo e espera por um rim quando comecei a fazer diálise, portanto há mais de 3 anos e meio.. e na altura entre varias consultas, falamos com uma assistente social no hospital que nos informou dos direitos e deveres e tal… e uma das coisas que disse foi que teria direito a transporte para as consultas nos primeiros meses após o transplante.
Pois 3 anos e meio é mto tempo e mta coisa mudou.
Hoje, não há ca transporte para quem fez o transplante. Ou seja, ou podes deslocar-te ou fode-te.
Puxei este assunto por duas situações que vi e ouvi durante as consultas quando vou ao HSC.
Uma era uma pessoa que comentou que deviam de fazer um survey perante as pessoas antes de as escolherem para receber um transplante ou na hora de fazerem a chamada para dizer que surgiu um rim, deviam de perguntar se tem situação financeira para suportar os custos das alterações de vida (viagens constantes no primeiro ano, medicações adquiridas fora do hospital, mascaras, etc…). Ora isto é um comentário que tanto tem de estúpido como de compreensivo. Mas no comentário esta pessoa vinha o conceito de perguntar á pessoa que espera o transplante se tem esta capacidade financeira antes sequer de ser inscrita para a referida espera, e aqui sim é parvo. Primeiro porque o tempo de espera varia e imenso.. e em pouco tempo o estado económico de alguém muda e muito.
O outro motivo foi outro comentário que ouvi ontem na sala de espera da consulta. Alguém gabava-se que tem sempre vindo de ambulância e que ai deles que a tirem. E pelos vistos vem mesmo e tem direito mesmo. Vem da outra margem… e não, não é ADSE…. Pois, ficaram como eu a bater mal? E mais, um outro recém transplantado brasileiro reclamava que há 2 meses que estava a ter direito a ambulância e agora tinham dito que iam tirar e ele estava prestes a fazer um escândalo.
Ora, eles teem e nós, ou pegando aqui na minha brasa, eu, não tenho pq?
Será uma questão de filhos e enteados? Será que devo andar feito feirante e armar escândalos? Lembro-me que na única visita que tive com a assistente social de HSC a única coisa que ela repetia de uma maneira que parecia sentir prazer era “que já não há transporte para os transplantados, estão a tirar tudo.. pode tentar se achar que tem direito de apresentar um pedido com base no sócio-económico mas aviso já que mesmo os que poderiam ser credíveis estão a vir recusados!”
E depois oiço comentários como os que ouvi… e ainda que o sr brasileiro pudesse até estar num escalão sócio económico que conseguisse que o pedido dele fosse aceito, como é que conseguiu tão rapidamente ser aceite? Sim, porque se eu fui transplantada há 3 meses e picos e ele foi após isso… como conseguiu ele ter direito a transporte ate agora? Não me venham dizer que a segurança social responde aos pedidos na hora que ai conto-vos a historia do pai natal e a carochinha…
E o outro senhor, esse tinha todo o aspecto e cara e pralapié de quem não tem necessidade económica para meter o pedido…
Adiante… o que acho é que, das duas uma: ou sou mto branca ou mto preta, como
diz o outro.
E o sol quando nasce, não é definitivamente, para todos.
E o sol quando nasce, não é definitivamente, para todos.